A gestão hídrica das águas paulistanas é um desafio devido à complexidade e magnitude do abastecimento de água, saneamento e gerenciamento de eventos de inundação e alagamentos na cidade de São Paulo. A região metropolitana de São Paulo enfrenta uma demanda crescente por água, além de lidar com problemas como escassez hídrica, poluição dos corpos d’água e ocorrência frequente de inundações.
Para lidar com tal complexidade há uma série de instituições que atuam desde a gestão e legislação sobre as águas, a fiscalização, captação, distribuição e tratamento.
Um exemplo é a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A concessionária é responsável pela gestão do abastecimento de água e saneamento básico da região metropolitana. A empresa atua na captação, tratamento e distribuição de água potável, bem como na coleta e tratamento de esgoto. Já o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) é uma autarquia estadual vinculada à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. O DAEE tem como função gerenciar e fiscalizar os recursos hídricos do estado, incluindo a gestão dos rios, bacias hidrográficas e sistemas de drenagem.
Dentro do âmbito da Prefeitura de São Paulo, destacam-se a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) e a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb). A SVMA é responsável pela política ambiental da cidade de São Paulo, atuando na preservação de áreas verdes, parques, mananciais, além de desenvolver ações relacionadas à gestão dos recursos hídricos e à conscientização ambiental. Já a Siurb é responsável pela execução de obras de infraestrutura urbana, incluindo a construção e manutenção de sistemas de drenagem, canais, galerias pluviais e outras intervenções relacionadas à gestão das águas pluviais. Ambas atuam na segurança hídrica, buscando a preservação dos recursos e a mitigação dos impactos ambientais relacionados à água na cidade de São Paulo.
Dentro desses serviços, destaca-se o gerenciamento das inundações e alagamentos, oriundos em muitas vezes devido à alta impermeabilização dos solos, uma parte importante da gestão hídrica em São Paulo. A Prefeitura de São Paulo, por meio de diferentes secretarias, têm buscado implementar sistemas de drenagem eficientes, construção de reservatórios de contenção e projetos de macro e microdrenagem para mitigar os impactos destes eventos.
Com essa finalidade é que foram idealizados os cadernos de drenagem da Prefeitura de São Paulo, que trata de instrumentos de extrema importância para o planejamento e gestão adequada do sistema de drenagem urbana da cidade. Os cadernos contêm informações importantes sobre a infraestrutura de drenagem urbana, incluindo características físicas dos cursos d’água, redes de galerias, bacias de retenção e outros elementos relacionados.
O material desenvolvido estrutura todo o planejamento voltado à gestão das águas paulistanas e fornece subsídios para o planejamento urbano, identificando áreas suscetíveis a alagamentos e inundações. Com base no fornecimento desses dados, é possível tomar decisões estratégicas quanto à ocupação do solo, estabelecimento de áreas de preservação e definição de políticas públicas para mitigar tais riscos.
Uma parte importante dos cadernos de drenagem é a proposição de medidas e novas soluções para gestão das águas pluviais e fluviais, no que tange ao seu tratamento e reservação. Desde 2018, a Guajava é responsável por tais inovações, e em parceria com técnicos da Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH) e da Siurb, propomos projetos de infraestrutura verde e SbN para os rios, córregos e riachos paulistanos e desenvolvemos diversas soluções para mitigar o impacto das inundações em São Paulo. Já elaboramos projetos para as bacias hidrográficas do Aricanduva, Anhangabaú, Belini, Cordeiro, Ipiranga, Itaquera, Lajeado, Leopoldina, Pirajuçara, Sapateiro, Tiburtino, Tiquatira, Tremembé, Uberaba, Verde I e II. Como destaque, podemos citar a criação de tipologias de SbN como reservatórios anfíbios, terraços de chuva e escada vegetada hidráulica. Tais estruturas atuam no controle do escoamento superficial das águas da chuva, reduzindo a velocidade e o volume à jusante da bacia hidrográfica.
A partir da consulta pública aos cadernos de drenagem, os cidadãos podem ter acesso às informações sobre o sistema de drenagem da cidade, compreender melhor os riscos associados e colaborar com as autoridades na identificação de problemas e na busca de soluções para a gestão hídrica da cidade, contribuindo para a transparência e participação da comunidade nos processos decisórios através de sugestões e propostas que podem e devem ser feitas pelos canais da prefeitura por pessoas físicas, associações independentes ou organizações sociais.
Neste sentido, a conscientização sobre a importância da conservação da água, o uso racional e a preservação dos recursos hídricos são essenciais para garantir uma gestão sustentável a longo prazo. É importante destacar a necessidade de colaboração e o trabalho conjunto entre essas instituições, além de parcerias com organizações da sociedade civil e a participação da população, são fundamentais para uma gestão eficaz e integrada dos recursos hídricos na cidade.
Em resumo, os cadernos de drenagem da Prefeitura de São Paulo desempenham um papel fundamental no planejamento, controle e gestão adequada do sistema de drenagem urbana da cidade, contribuindo para a redução dos impactos das inundações e alagamentos e melhorando a qualidade de vida da população.
Além das iniciativas junto ao poder público, também prestamos serviços para empresas que buscam participar da melhoria da cidade através da implantação de projetos ambientais e paisagísticos. Loteamentos mais verdes, tratamento de efluentes a partir de SbN, criação de áreas de lazer e recuperação de áreas hídricas em locais privados também podem colaborar muito com uma cidade mais bonita, saudável e ambientalmente melhor.