Retrospectiva: Guajava na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo
Soluções Baseadas na Natureza e o papel da arquitetura em um mundo de extremos
Dulce Moraes
Conexão In Natura.
A 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (BIAsp), realizada entre 18 de setembro e 19 de outubro, trouxe um tema profundamente conectado aos desafios contemporâneos: “Extremos: Arquiteturas para um Mundo Quente”.
No mesmo ano da COP30, a Bienal promoveu uma ampla reflexão sobre o papel da arquitetura diante da crise climática e da necessidade de adaptar os habitats humanos a condições ambientais cada vez mais extremas.
Reunindo um panorama global de projetos e pesquisas, o evento integrou ciência, tecnologia e saberes tradicionais, revelando caminhos concretos para um futuro urbano mais resiliente.
Foram 30 dias de intensa troca e inspiração, marcados também pela perda do paisagista chinês Kongjian Yu, criador do conceito de Cidades Esponja, cuja contribuição permanece fundamental para o avanço de soluções urbanas adaptáveis e sensíveis à água.
A presença da Guajava: natureza, resiliência e cidades vivas
A Guajava Arquitetura da Paisagem e Urbanismo marcou presença na Bienal com projetos, estudos e atividades que demonstram o potencial transformador das Soluções Baseadas na Natureza (SBN) para criar cidades mais vivas, resilientes e conectadas ao meio ambiente.
Na exposição Extremos, foi apresentado o projeto da Praça das Corujas, desenvolvido em parceria com o professor Paulo Pellegrino, da FAU-USP.
Foto: ConexaoInNatura | Guajava
A proposta integra as biovaletas existentes a novas soluções, como terraços de chuva e grades vivas, para mitigar processos de erosão e deslizamento e ampliar as áreas de convivência e caminhabilidade. Tudo isso em sinergia com a Horta das Corujas, coordenada por Claudia Visone, e com o engajamento ativo da comunidade local.
“É um projeto já apresentado à Subprefeitura, e o trouxemos para a Bienal como exemplo do potencial de colaboração entre academia, técnica e comunidade na transformação dos espaços urbanos.”
Riciane Pombo
Mais participações na exposição Extremos
A contribuição da Guajava para ampliar o alcance das SBN no território brasileiro também esteve presente em estandes e projetos parceiros, destacando o papel da consultoria técnica e da elaboração de políticas públicas voltadas à justiça climática. Entre as iniciativas:
Chãos no Céu: Regeneração Urbana pelas Coberturas, Telhados e Lajes de São Paulo – do Instituto ZeroCem, apresentou estudos sobre o potencial socioambiental das coberturas urbanas, convidando o público a “olhar para cima” e redescobrir o espaço aéreo da cidade.
Foto: ConexaoInNatura | Guajava
A Guajava avaliou resultados de telhados verdes extensivos e intensivos, além de telhados verde-azuis, que combinam vegetação com reservatórios de água.
SBN nas Periferias – programa do Ministério das Cidades, com apoio da GIZ Brasil, contou com consultoria técnica da Guajava na elaboração de diretrizes de Soluções Baseadas na Natureza voltadas à justiça climática em territórios periféricos e vulneráveis.
Foto: ConexaoInNatura | Guajava
A Guajava atuou na elaboração do plano, contribuindo com conhecimento técnico e metodológico. O resultado pode ser conferido na publicação SBN nas Periferias: Avanços na Regulamentação de Uma Nova Política Pública, lançada em evento paralelo do G20 Social. Leia mais.
Como contribuição ao Norte do País, participou do projeto desenvolvido para a cidade de Palmas (TO). Foram realizados estudos e propostas da Guajava para a implantação de SBN voltadas à drenagem sustentável no futuro Parque dos Povos Indígenas, um espaço que unirá infraestrutura verde, regeneração ambiental e valorização da cultura indígena local.
Foto: ConexaoInNatura | Guajava
Diálogos e aprendizados coletivos
A Bienal também foi um espaço de encontros e aprendizados colaborativos, reforçando o valor da educação, da pesquisa e da ação integrada.
Durante o evento, foi lançado o aguardado livro Educação Baseada na Natureza: guia para escolas verdes e resilientes, do Instituto Alana, que contou com consultoria técnica da Guajava na área de SBN.
Foto: ConexaoInNatura | Guajava
Em parceria com o projeto Rios e Ruas, promovemos a oficina “Soluções Baseadas na Natureza e o Olhar das Águas”, que envolveu uma caminhada pelo Lago do Ibirapuera e pela Bacia do Sapateiro, convidando o público a redescobrir as águas da cidade.
A convite do Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP) e da FAU-USP, a Guajava também integrou a oficina “Chão do Ibirapuera”, dedicada a explorar novas formas de convivência entre arte, natureza e cidade.
Foto: ConexaoInNatura | Guajava
A diretora da Guajava, Riciane Pombo, apresentou propostas para o Jardim Pantanal e participou de mesas de debate sobre inovação, adaptação climática e políticas públicas.
Em sua participação na mesa promovida pelo C40 Cities e pelo Consulado da Dinamarca, Riciane destacou projetos de SBN já implantados e seus resultados práticos, reforçando o caráter sistêmico e mensurável dessas soluções:
“Quando pensamos em soluções interconectadas, é possível, sim, desenvolver projetos que contribuam simultaneamente para a mitigação e adaptação climática — e hoje já existem métricas capazes de comprovar esses benefícios.”
Riciane Pombo
A 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo reafirmou a urgência de repensar as cidades sob a ótica da natureza. Para a Guajava, participar desse movimento é contribuir para o desenho de um futuro mais verde, justo e sensível ao planeta que habitamos.